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Arquitetos: NO.MAD
- Área: 400 m²
- Ano: 2006
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Fotografias:Roland Halbe
Descrição enviada pela equipe de projeto. Para o conceito desta casa, perguntamos a nós mesmos se seríamos capazes de construir algo enquanto mantínhamos o máximo respeito pelo entorno natural, evitando falar sobre sustentabilidade, energia alternativa ou ecologia como algo superficial da modernidade e do politicamente correto. Talvez tenha sido, em última instância, uma questão de aproveitar ao máximo as qualidades do ambiente natural, mantendo o respeito pelas qualidades naturais oferecidas, e causando o mínimo impacto sobre elas. Pensamos que uma boa maneira de começar poderia ser adaptar a linha volumétrica do edifício à floresta existente, deixando o arvoredo escolher a forma como seria experienciado. Como ponto de partida deste processo, identificamos os grupos de árvores que funcionam juntos na floresta enquanto ousamos chamar tudo o que está fora deles de "anti-floresta" ou "vazio suscetível a construção", sem precisar remover nenhuma árvore. Geramos uma geometria plana no topo deste vazio para evitar os troncos e utilizar as alturas do nível do chão existente e os planos inclinados dos telhados permitidos pela lei. Esta operação parecia ser uma parte imensamente complexa do processo, e nos forçou a fazer vários testes até chegarmos à solução que atingia todos os parâmetros e todos os pontos da volumetria final. O que apareceu foi uma geometria não cartesiana com um volume multifacetado adaptado às condições topográficas e as exigências de planejamento, nos encorajando a resolver a proposta para esta casa em um espaço interessante. A geometria é o que irá definir e descobrir as formas de experienciar os espaços e suas relações com a paisagem externa, uma surpreendente relação frutífera entre floresta e normas rígidas.
As circunstâncias pessoais do proprietário preveniram um uso convencional da configuração e utilização desta casa. Tivemos que gerar espaços que se adaptariam às peculiaridades do proprietário em tempo e programa. Assim, definimos gradualmente as possibilidades oferecidas pela geometria resultante, analisando o espaço no que chamamos de "dedos espacializados", cada um deles abrigando um programa específico, com uma solução espacial particular. As diferenças de altura no terreno nos impulsionou a entender a casa em etapas de meio pavimento que nos permitiram controlar a divisão do interior como duas habitações em uma. Por outro lado, localizamos os dormitórios de hóspedes da família associados com uma sala de jogos e a entrada principal para a casa no nível mais alto com uma entrada independente. O restante do volume segue um desenvolvimento sucessivo de privacidade conforme descemos, primeiro com a sala de estar/bar e sala/estúdio, e no nível imediatamente inferior, um programa de lazer com uma piscina interna aquecida, outro com cozinha-jantar e um grande terraço externo coberto. No último nível inferior descobrimos o dormitório principal com seus banheiros, uma sala de ginástica e a sauna.
Uma vez dentro dessa paisagem fabulosa, quisemos aproveitar ao máximo suas características e abrir ao máximo à influência de sua geometria, luz e condições espaciais. A partir dessa perspectiva, o envoltório da casa transformou gradualmente suas superfícies de vidro e pedra de acordo com a proximidade das árvores, sua habilidade de fazer sombra, sua presença e o tipo de programa em cada "dedo espacializado". Assim, para trazer cada espaço para o contato direto e íntimo com o exterior, o envoltório que define o volume partido possui transparências, opacidades ou serigrafias em vidro com densidades diferentes em seus componentes, a influência da floresta sobre este objeto estranho que invadiu a tranquilidade de seu território. Dentro da casa, os pisos, paredes e teto de resina âmbar permitem que a presença abstrata da floresta entre e suavize as divisões entre interior e exterior, como se o espaço interno fosse um fóssil mesmo antes de existir.